Maranhão já registra 46 feminicÃdios em 2024; quatro suspeitos ainda estão foragidos
Entre os autores dos crimes estão namorados, maridos, companheiros e ex-companheiros das vÃtimas. A motivação, na maior parte das vezes, é ciúme e inconformismo com a separação. Mikaelane Guajajara, LÃcia Guajajara e Joanilde Guajajara foram mortos pelos ex-companheiros, segundo a polÃcia
Montagem/g1
De janeiro até o dia 12 de setembro deste ano, foram registrados 46 feminicÃdios no Maranhão, entre eles, nove foram praticados na Grande Ilha de São LuÃs.
Os dados, divulgados pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-MA), são preocupantes, pois, em menos de nove meses o estado já se aproximou do número de feminicÃdios praticados em todo o ano de 2023, quando 50 mulheres perderam a vida de forma violenta no Maranhão.
Entre os autores dos crimes estão namorados, maridos, companheiros e ex-companheiros das vÃtimas. A motivação, na maior parte das vezes, é ciúme e inconformismo com a separação.
Ainda de acordo com a SSP-MA, dos 46 casos registrados em 2024, 37 suspeitos do crime já estão presos, há quatro foragidos e um, por decisão da Justiça, responde ao feminicÃdio em liberdade. Já os outros quatro cometeram suicÃdio, logo após matarem as mulheres.
Sete dos homens que estão presos e dois dos foragidos, são suspeitos de praticarem o feminicÃdio na Grande Ilha.
Últimos casos registrados
O último feminicÃdio registrado no Maranhão este ano foi no dia 12 de setembro, quando uma mulher, identificada como Francisca Helena Maria da Silva Xavier, de 57 anos, foi morta a facadas, na cidade de Imperatriz, a 634 km de São LuÃs. O autor do crime, segundo a polÃcia, foi o marido da vÃtima, Raimundo Nonato das Chagas Xavier, de 60 anos.
Idoso, de 60 anos, é suspeito de matar esposa a facadas em Imperatriz
Reprodução
A vÃtima foi morta com golpes de faca na região do pescoço, após sair para um bar com um grupo de pessoas, no bairro Parque Santa Lúcia. De acordo com os filhos da vÃtima, Raimundo não aceitava que Francisca ingerisse bebida alcoólica e estaria insatisfeito por ela ter voltado a beber e estar no bar.
Depois de matar Francisca, Raimundo ainda tentou tirar a própria vida. Testemunhas próximas ao casal afirmam que os dois estavam separados há 9 meses, mas haviam reatado o relacionamento, de cerca de 40 anos, há 20 dias.
Ainda neste mês de setembro, a PolÃcia Civil informou que foi encontrado o corpo da diarista Mauricélia Rodrigues de Lima, de 36 anos, que estava desaparecida desde o dia 23 de agosto. Ela foi encontrada morta no Povoado Gameleira, Zona Rural de Timon, Região Leste do Maranhão.
Mauricélia foi encontrada morta e o ex-companheiro, Francisco, é o principal suspeito, segundo a polÃcia
Reprodução/Redes sociais
Segundo testemunhas, o corpo estava em uma cova rasa, na manhã do dia 7 de setembro, e foi reconhecido por familiares. O principal suspeito do crime é Francisco Nelson Cardoso de Castro, com quem Mauricélia teve um relacionamento amoroso no passado e uma filha de três anos.
Ainda em setembro, uma indÃgena, identificada como LÃcia Oliveira Guajajara, de 35 anos, foi morta a golpes de faca em Amarante do Maranhão, a 685 km de São LuÃs.
LÃcia Oliveira Guajajara, de 35 anos, foi morta a golpes de faca em Amarante do Maranhão.
Reprodução/TV Mirante
O crime foi praticado no dia 4 de setembro e, segundo a PolÃcia Civil do Maranhão (PC-MA), o principal suspeito é o companheiro dela, Izane Santos, com quem ela tinha um relacionamento de 10 anos.
Nesse mesmo dia, foi registrado mais um caso de feminicÃdio, desta vez em Santa Inês, a cerca de 251 km da capital. A vÃtima foi outra mulher indÃgena Guajajara que vivia em área urbana. Mikaelane Silva Guajajara, de 23 anos, foi encontrada morta com marcas de tiro, em um dormitório em Santa Inês. Ela era moradora da Terra IndÃgena Pindaré, que fica na Zona Rural do municÃpio de Bom Jardim.
Mikaelane Silva Guajajara teria sido morta pelo ex, João Paulo, em Santa Inês
Reprodução/Redes sociais
O autor do crime seria João Paulo Paixão de Oliveira, de 27 anos, com quem ela tinha um relacionamento amoroso. O homem foi encontrado morto no mesmo dormitório e a suspeita é de suicÃdio.
Outra indÃgena vÃtima de feminicÃdio foi Joanilde Rodrigues Paulino Guajajara, de 33 anos, morta a golpes de faca na cidade de Amarante do Maranhão, no dia 21 de agosto. O autor do crime, segundo a polÃcia, é Wendel Silva Machado, ex-marido, que foi preso dois dias depois do crime. O homem também é suspeito de assassinar outra mulher em 2021, em Imperatriz.
Segundo a polÃcia, Joanilde Guajajara foi morta dentro da casa onde morava com Wendel e os dois filhos dela, no bairro Industrial. O corpo de Joanilde foi encontrado pelo pai dela, com as mãos amarradas para trás com fita adesiva e várias marcas de facada.
Joanilde Paulino Guajajara foi assassinada com um golpe de faca
Reprodução
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Joanilde Guajajara trabalhava como técnica de enfermagem no Centro de Parto Normal da Secretaria de Saúde de Amarante do Maranhão.
A indÃgena havia se separado de Wendel, por que ele era violento com ela, e fugiu para a casa dos pais, em uma aldeia. Porém a mulher decidiu voltar para casa e acabou sendo morta assim que chegou na residência.
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Rede de proteção à mulher no MA
Segundo a SSP, para garantir proteção à s mulheres, são realizadas ações integradas das polÃcias Civil e Militar do Maranhão, com o objetivo de prevenir e reprimir esse tipo de crime.
O estado possui 22 Delegacias da Mulher (DEM) e um Plantão 24 horas em São LuÃs. Além disso, está implantando o Núcleo de Atendimento à Mulher em delegacias regionais, distritais e municipais do estado, prioritariamente nos municÃpios onde ainda não há Delegacia Especializada.
Também já foram implantadas 22 Patrulhas Maria da Penha, com cobertura em mais de 80 municÃpios.
A SSP disponibiliza, também, canais de denúncias para que qualquer violência contra a mulher seja imediatamente denunciada. Entre os canais estão:
Aplicativo Salve Maria Maranhão
190 - Ciops (Centro Integrado de Operações de Segurança Pública)
181 - Disque-Denúncia Maranhão
Delegacia On-line
Projeto de lei quer aumentar pena para feminicÃdio no Brasil
O projeto de lei que aumenta a pena para o crime de feminicÃdio aguarda a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No último dia 11 de setembro, o texto foi aprovado na Câmara dos Deputados.
O aumento da pena nesse contexto é previsto, por exemplo, nos casos de a vÃtima ser responsável por pessoa com deficiência.
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Outras situações em que essa ampliação é possÃvel envolvem crimes com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido; meio cruel; e recurso que dificulte a defesa da vÃtima.
A proposta também prevê mudanças na progressão de pena para crimes de violência doméstica e de discriminação de gênero.FONTE: https://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2024/09/14/maranhao-ja-registra-46-feminicidios-em-2024-quatro-suspeitos-ainda-estao-foragidos.ghtml